Durante a Semana Nacional de Trânsito, a Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT) divulgou os dados de uma pesquisa inédita que revela o perfil dos motociclistas brasileiros e as consequências dos acidentes de trânsito. O estudo destaca o impacto financeiro para o sistema de saúde pública, que precisa tratar as vítimas, além de trazer sugestões para solucionar esse problema.
Realizada entre os dias 10 e 13 de setembro, a pesquisa da SBOT entrevistou 1 mil brasileiros, homens e mulheres acima de 18 anos, residentes de todas as regiões do país e de todas as classes econômicas e níveis de escolaridade. Os resultados apontaram que mais de 50% dos entrevistados utilizam a motocicleta como ferramenta de trabalho diariamente. Dentre esses, 35,7% são entregadores de aplicativos, 23,8% são motoboys e 7,8% são motoristas de mototáxi. No entanto, 58,5% não possuem o registro de “exerce atividade remunerada” (EAR) na Carteira Nacional de Habilitação (CNH).
Um dos principais achados da pesquisa revela que a pressão por entregas rápidas ou por produtividade afeta a segurança no trânsito. Cerca de 50,2% dos entrevistados afirmaram que a pressão é constante, enquanto 40,3% disseram que às vezes se sentem pressionados nesse sentido.
Além disso, o estudo destaca que 86,2% dos entrevistados se preocupam com os riscos de paralisia em acidentes de moto, mas 73% admitem que não respeitam as leis de trânsito. A maioria dos entrevistados (72,7%) também acredita que o trânsito está se tornando mais perigoso para os motociclistas. Em relação aos acidentes, 77,1% conhecem alguém que se feriu ou faleceu em decorrência de um acidente de moto.
Para melhorar a segurança dos motociclistas no trânsito, os entrevistados apontaram algumas soluções. Do total, 63,1% acreditam que é necessário maior fiscalização nas vias, 56,5% defendem a criação de motovias, 40,6% mencionaram a importância de melhorar a pavimentação das ruas e 36,3% destacaram a necessidade de limitar a velocidade.
Os custos para o sistema de saúde pública são elevados devido ao aumento dos acidentes de trânsito. As lesões graves que ocorrem nessas situações frequentemente resultam em incapacidades permanentes, impactando tanto na saúde física quanto na saúde mental dos envolvidos. Além disso, uma pesquisa citada no estudo revelou que 96,1% dos entrevistados consideram a saúde física e mental fatores importantes para a segurança viária.
Com base nesses dados, é essencial que sejam desenvolvidas campanhas de conscientização sobre os riscos do trânsito para motociclistas, promovendo hábitos seguros e incentivando a responsabilidade no trânsito. Além disso, a promoção de políticas que melhorem a segurança viária, como a criação de motovias e a melhoria da infraestrutura urbana, também são estratégias necessárias para diminuir a incidência de acidentes.
O respeito no trânsito, tanto dos motociclistas para com os demais veículos, quanto dos veículos para com os motociclistas, é um aspecto fundamental que precisa ser reforçado. É importante lembrar que a segurança no trânsito é uma responsabilidade social conjunta, e sua promoção impacta diretamente a saúde pública.
Ações voltadas para a promoção da saúde e bem-estar dos motoristas e pedestres, assim como programas de reabilitação para vítimas de acidentes, também são estratégias necessárias para enfrentar esse desafio. Cuidar da segurança no trânsito é uma forma de proteger vidas e reduzir os custos para o sistema de saúde pública, além de contribuir para a construção de uma sociedade mais consciente e responsável no tráfego urbano.