Um cenário global alarmante
O sedentarismo tornou-se uma crise de saúde pública, com 1,8 bilhão de adultos (31% da população global) classificados como inativos em 2022, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Se a tendência persistir, esse número pode chegar a 35% até 2030, elevando o risco de doenças cardiovasculares, diabetes tipo 2, demência e câncer 1. Além disso, estima-se que 500 milhões de pessoas desenvolverão doenças relacionadas à inatividade física até 2030, gerando custos de saúde de US$ 27 bilhões anuais 34.
No Brasil, o quadro é ainda mais crítico: o país lidera o ranking de sedentarismo na América Latina, com 84% dos jovens e 47% dos adultos inativos, segundo o IBGE 58. Essa realidade não só aumenta a incidência de doenças crônicas, mas também eleva o risco de lesões musculoesqueléticas e a demanda por reabilitação.
Como o Sedentarismo Provoca Lesões e Compromete a Recuperação
A falta de atividade física enfraquece músculos, ossos e articulações, tornando o corpo mais vulnerável a lesões. Estudos apontam que indivíduos sedentários têm:
- Menor densidade óssea e massa muscular, aumentando o risco de fraturas e sarcopenia (perda muscular).
- Redução da mobilidade e equilíbrio, elevando a probabilidade de quedas e traumas.
- Maior inflamação sistêmica, que retarda a cicatrização e agrava condições como artrite e tendinites.
Para pacientes em reabilitação, o sedentarismo prolonga a recuperação. Fisioterapeutas alertam que a inatividade reduz a reserva cardiorrespiratória e imunológica, dificultando a resposta aos tratamentos. Pacientes com histórico sedentário também apresentam maior fadiga e menor adesão às terapias.
A pressão sobre os sistemas de reabilitação
A OMS estima que 92% das doenças globais podem se beneficiar de serviços de reabilitação, mas a demanda já supera a oferta. Mais de 200 milhões de pessoas enfrentam dificuldades funcionais, e o envelhecimento populacional e o aumento de doenças crônicas ampliam esse cenário.
No Brasil, apenas 18,4% das pessoas com deficiência física têm acesso a reabilitação, segundo a Pesquisa Nacional de Saúde. Barreiras como falta de profissionais qualificados, infraestrutura inadequada e financiamento insuficiente limitam o acesso.
Casos
- Atletas amadores: Com a retomada pós-pandemia, lesões por sobrecarga (como tendinites) aumentaram 40% em indivíduos que mantiveram hábitos sedentários durante o isolamento.
- Idosos: A sarcopenia afeta 30% dos brasileiros acima de 60 anos, elevando o risco de fraturas de quadril e dependência funcional.
- Pacientes pós-covid: Sequelas como fadiga crônica e fraqueza muscular exigem programas de reabilitação prolongados, sobrecarregando clínicas especializadas.
Soluções em foco: da prevenção à reabilitação
- Políticas públicas: A OMS recomenda investir em transporte ativo (caminhada, ciclismo) e programas comunitários de exercícios. Apenas 30% dos países têm diretrizes de atividade física para todas as idades.
- Tecnologia na reabilitação: Plataformas de teleatendimento e aplicativos de monitoramento ajudam a manter pacientes engajados, especialmente em regiões remotas.
- Abordagem multidisciplinar: Programas de fisioterapia personalizados, combinando exercícios funcionais e fortalecimento, mostram eficácia na recuperação muscular.
- Papel da família: Incentivar tarefas cotidianas, como levantar para refeições, reduz o sedentarismo e melhora a autonomia de pacientes.
Um chamado para ação
O sedentarismo não é apenas uma escolha individual, mas um problema estrutural que exige respostas coletivas. Enquanto governos precisam priorizar políticas de promoção à atividade física, sistemas de saúde devem expandir serviços de reabilitação acessíveis. Para indivíduos, pequenas mudanças – como caminhar 30 minutos diários – já reduzem riscos e melhoram a qualidade de vida. Como afirmou a OMS: “Adicionar movimento à rotina é adicionar vida aos anos”.
Fontes consultadas: Dados da OMS, estudos clínicos e especialistas em saúde pública