A dor no ombro ao levantar o braço, alcançar objetos ou praticar atividades físicas é um sintoma comum que pode indicar a síndrome do impacto do ombro. Essa condição, frequentemente associada a lesões no manguito rotador (grupo de músculos e tendões que estabilizam a articulação), exige atenção para evitar complicações como rupturas tendíneas e limitações crônicas. Neste artigo, explicamos como identificar o problema, as opções de tratamento e a importância da fisioterapia pós-cirúrgica para recuperação completa.
O que é a síndrome do impacto do ombro?
A síndrome do impacto ocorre quando os tendões do manguito rotador (especialmente o supraespinhal) são comprimidos entre a cabeça do úmero e o acrômio (parte da escápula). Esse atrito repetido causa inflamação, degeneração e, em casos avançados, rupturas.
Principais causas:
- Movimentos repetitivos: Prática de esportes como natação, tênis ou musculação.
- Má postura: Ombro caído para frente, comum em quem trabalha em computadores.
- Envelhecimento natural: Degeneração tendínea após os 50 anos.
- Traumas: Quedas ou impactos diretos no ombro.
Sintomas para ficar alerta
- Dor aguda na parte frontal ou lateral do ombro ao levantar o braço acima da cabeça.
- Fraqueza para carregar objetos ou girar o braço.
- Estalidos ou sensação de atrito durante movimentos.
- Dor noturna, que interfere no sono, principalmente ao deitar sobre o ombro afetado.
Diagnóstico: quando suspeitar de lesão no manguito rotador?
Além da avaliação clínica (testes de mobilidade e força), exames de imagem são essenciais:
- Ultrassom: Identifica inflamação e rupturas parciais.
- Ressonância magnética: Detalha o estado dos tendões e a extensão da lesão.
Tratamento conservador: evitando a cirurgia
Na fase inicial, o tratamento visa reduzir a inflamação e restaurar a função:
1. Repouso e gelo
- Evite atividades que desencadeiem dor.
- Aplique gelo no local por 15 minutos, 3 vezes ao dia.
2. Fisioterapia para fortalecimento e alongamento
- Exercícios de mobilização: Pêndulos de Codman (balançar o braço suavemente para soltar a articulação).
- Fortalecimento do manguito rotador: Uso de elásticos para movimentos de rotação externa e interna.
- Alongamento da cápsula posterior: Puxar o braço afetado na direção oposta com auxílio da outra mão.
3. Infiltração com corticosteroide
Indicada para casos resistentes, reduz a inflamação local temporariamente.
Quando a cirurgia é necessária?
A intervenção cirúrgica é recomendada se houver:
- Ruptura completa do tendão.
- Falha no tratamento conservador após 3-6 meses.
- Perda significativa de força e mobilidade.
Técnicas cirúrgicas comuns:
- Artroscopia: Procedimento minimamente invasivo para descomprimir o espaço subacromial e reparar tendões rompidos.
- Acromioplastia: Remoção de parte do acrômio para evitar atrito.
Fisioterapia pós-cirúrgica: etapas cruciais para a recuperação
A reabilitação pós-operatória é fundamental para restaurar a função do ombro e prevenir novas lesões. O processo é dividido em fases:
Fase 1 (0-6 semanas): proteção e controle da inflamação
- Imobilização: Uso de tipóia para proteger a reparação tendínea.
- Movimentos passivos: Fisioterapeuta mobiliza o ombro suavemente para evitar rigidez.
- Exercícios de punho e cotovelo: Mantêm a circulação sem sobrecarregar o ombro.
Fase 2 (6-12 semanas): ganho de amplitude de movimento
- Alongamentos assistidos: Uso de polias ou bastões para elevar o braço gradualmente.
- Fortalecimento leve: Ativação isométrica do manguito rotador.
Fase 3 (3-6 meses): retorno às atividades diárias
- Exercícios resistidos: Elásticos e pesos leves para recuperar força.
- Treino funcional: Simulação de gestos como alcançar, empurrar e puxar.
Fase 4 (após 6 meses): retorno ao esporte ou atividade laboral
- Exercícios específicos: Adaptados ao esporte ou trabalho do paciente.
- Prevenção de recidivas: Orientação postural e ajustes na biomecânica.
Dicas para prevenir novas crises
- Fortaleça o manguito rotador: Inclua exercícios de rotação na rotina de treinos.
- Corrija a postura: Mantenha os ombros alinhados ao sentar ou ficar em pé.
- Evite sobrecarga: Não carregue mochilas ou bolsas pesadas em um só lado.
A síndrome do impacto no ombro, quando não tratada, pode evoluir para lesões graves no manguito rotador. Felizmente, com diagnóstico precoce e fisioterapia adequada – seja para evitar a cirurgia ou na reabilitação pós-cirúrgica –, é possível recuperar a função completa do ombro e retomar atividades com segurança. Se a dor persistir, não ignore: buscar ajuda especializada é o primeiro passo para uma vida sem limitações.
Este conteúdo é informativo e não substitui consultas médicas. Procure um ortopedista ou fisioterapeuta para avaliação individualizada.