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Delphi-2M: inteligência artificial prevê doenças com até 20 anos de antecedência

Ferramenta analisa histórico médico de pacientes para calcular riscos futuros com até 70% de precisão, mas ainda precisa de ajustes antes de uso clínico.

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Um novo modelo de inteligência artificial promete transformar a forma como doenças são previstas e prevenidas. Chamado Delphi-2M, o sistema foi desenvolvido para antecipar o risco de mais de mil doenças, com projeções que alcançam até duas décadas de antecedência. A inovação foi apresentada em um estudo publicado na revista científica Nature.

Como funciona o Delphi-2M?

Baseado em aprendizado de máquina, o Delphi-2M foi treinado com os dados do UK Biobank, um dos maiores bancos de informações médicas do mundo, e validado com registros de 1,9 milhão de pacientes dinamarqueses. Ele analisa padrões complexos no histórico clínico dos pacientes — como diagnósticos anteriores, uso de medicamentos, exames e outras informações de saúde — para calcular a probabilidade de ocorrência de doenças específicas.

Além de apontar quais enfermidades podem surgir, o modelo também consegue estimar quanto tempo pode levar até que os sintomas se manifestem.

Níveis de precisão

Nos testes, o Delphi-2M obteve 76% de precisão em previsões de curto prazo (como até dois anos) e cerca de 70% em projeções de longo prazo, incluindo doenças que podem surgir até 20 anos depois da análise inicial. Isso representa um avanço considerável no uso de IA na medicina preventiva.

Aplicações atuais e futuras

Embora ainda não esteja pronto para ser usado em consultórios médicos ou hospitais, o modelo já está sendo utilizado em simulações de saúde pública, projeções sobre o impacto de mudanças no estilo de vida e estudos de progressão de doenças.

Os pesquisadores envolvidos acreditam que, com validações mais amplas, o Delphi-2M poderá auxiliar médicos a:

  • Identificar precocemente pacientes de alto risco;
  • Tomar decisões preventivas personalizadas;
  • Priorizar recursos de saúde para quem mais precisa.

Limitações e desafios

Apesar do potencial, o modelo ainda apresenta limitações importantes:

  • Diversidade restrita nos dados de treinamento, com predominância de pessoas brancas;
  • Foco exclusivo em adultos, sem testes em crianças ou adolescentes;
  • Desafios regulatórios e éticos, incluindo privacidade de dados e responsabilidade sobre decisões clínicas automatizadas.

Esses pontos precisam ser resolvidos antes que o sistema possa ser adotado em larga escala na prática médica.

O Delphi-2M é um passo importante na integração entre inteligência artificial e medicina preventiva. Com maior diversidade nos dados e validações clínicas robustas, a ferramenta pode abrir caminho para um futuro em que doenças crônicas e degenerativas sejam previstas com precisão e tratadas antes mesmo de se manifestarem — transformando profundamente a relação entre pacientes, médicos e o cuidado com a saúde.

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