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LGPD na prática: como proteger dados de pacientes na sua clínica

A integração entre tecnologia e conformidade regulatória é essencial para clínicas que desejam alinhar segurança de dados com eficiência operacional.

Crédito: Freepik

A Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) entrou em vigor para garantir a privacidade e a segurança das informações pessoais no Brasil. No setor da saúde, onde dados sensíveis são constantemente coletados, o desafio é ainda maior: segundo a ANPD (Autoridade Nacional de Proteção de Dados), 70% das violações de dados ocorrem em ambientes médicos. Mas como adaptar sua clínica à LGPD e proteger os dados dos pacientes de forma prática? Neste guia, explicamos os passos essenciais para garantir compliance e evitar multas que podem chegar a R$ 50 milhões.

Por que a LGPD é fundamental para clínicas?

Dados de saúde são considerados sensíveis pela LGPD, o que exige um nível mais rigoroso de proteção. Isso inclui prontuários médicos, resultados de exames, históricos de tratamentos e até conversas com pacientes. Uma violação pode resultar em:

  • Multas pesadas (até 2% do faturamento da clínica, limitado a R$ 50 milhões por infração).
  • Danos à reputação e perda de confiança dos pacientes.
  • Processos judiciais por exposição indevida de informações.

Guia prático: 6 passos para adequar sua clínica à LGPD

1. Nomeie um encarregado de dados (DPO)

  • Data Protection Officer (DPO) é obrigatório para clínicas que processam dados em grande escala.
  • Sua função é supervisionar o cumprimento da LGPD, treinar a equipe e servir de ponte entre a clínica e a ANPD.

2. Mapeie o fluxo de dados

  • Identifique quais dados são coletados (ex: formulários de cadastro, prontuários eletrônicos).
  • Defina onde são armazenados (servidores físicos, nuvem) e quem tem acesso (médicos, recepcionistas, terceiros).

3. Solicite consentimento explícito

  • Atualize formulários de cadastro para incluir uma cláusula clara de consentimento, explicando como os dados serão usados.
  • Pacientes devem poder revogar o consentimento a qualquer momento.

4. Fortaleça a segurança da informação

  • Criptografe dados digitais e limite o acesso apenas a funcionários autorizados.
  • Para documentos físicos, use armários trancados e controle de entrada/saída.
  • Faça backups periódicos e utilize softwares com certificação de segurança.

5. Treine sua equipe

  • Funcionários são a primeira linha de defesa. Capacite-os sobre:
    • Não compartilhar senhas.
    • Evitar enviar dados por e-mail não criptografado.
    • Reconhecer tentativas de phishing ou golpes.

6. Prepare-se para Incidentes

  • Crie um plano de resposta a vazamentos, incluindo notificação à ANPD e aos afetados em até 72 horas.
  • Documente todas as medidas de segurança adotadas para comprovar compliance em caso de fiscalização.

Como garantir a segurança de dados na prática?

  • Pratique o mínimo de dados: Colete apenas informações necessárias para o tratamento.
  • Atualize sistemas: Use prontuários eletrônicos com autenticação em dois fatores.
  • Controle acessos: Registre quem visualizou ou editou cada prontuário (logs de acesso).
  • Exclua dados desnecessários: Apague informações de pacientes inativos após o prazo legal (ex: 5 anos para prontuários).

Estatísticas e impacto da LGPD

Adequar-se à LGPD não é apenas uma obrigação legal, mas uma oportunidade para fortalecer a confiança dos pacientes e a credibilidade da sua clínica. Ao implementar políticas claras, investir em segurança e capacitar a equipe, você reduz riscos e demonstra compromisso com a ética e a privacidade. Comece hoje mesmo a revisar seus processos: a proteção de dados é um cuidado que vai além da tecnologia – é um ato de respeito aos seus pacientes.

A LGPD não é apenas uma exigência legal, mas uma oportunidade para as clínicas modernizarem sua gestão de dados. A implementação de ferramentas de análise e inteligência artificial, como sistemas de detecção de anomalias em acesso a prontuários, pode automatizar a proteção de informações sensíveis e garantir compliance de forma proativa. Além disso, a governança de dados bem estruturada — incluindo criptografia, logs de acesso e auditorias — não só evita multas, mas transforma a clínica em um ambiente confiável e preparado para a inovação em saúde.

Neuza Carolyne Sarmento de Oliveira — Analista de Sistemas e pós graduanda em Inteligência Artificial e Ciência de Dados (IBMR).

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