Empresa brasileira pioneira na fabricação de órteses em knit 3D no país, investe em ações de marketing e conscientização sobre as vantagens técnicas e ortopédicas do Knit 3D em relação ao neoprene. A transição do neoprene para o Knit 3D está como o carburador para a injeção eletrônica, comenta Borges.
O neoprene é uma tecnologia desenvolvida nos EUA na década de 1930, a qual foi massivamente utilizada para confecção de roupas dos soldados norte americanos para lutarem na Europa na segunda guerra mundial, por tratar-se de um borracha com célula fechada tem a característica isotérmica. Após segunda guerra foi utilizado para confecção de roupas para mergulhadores e chega ao Brasil na década de 1970 amplamente utilizado para roupas para surfistas por marca especialista no segmento. Na sequência disto, empresas brasileiras utilizaram este produto para aplicações em órteses ortopédicas, no entanto, as características do neoprene não oferece muitas especificações técnicas que uma órtese ortopédica necessita.
Enquanto o Brasil ainda utiliza massivamente o neoprene em órteses como joelheiras e tornozeleiras, a startup N1 emerge como pioneira na transição para o KNIT 3D, tecnologia amplamente utilizada pelas maiores e melhores marcas no segmento no mundo. As órteses em KNIT 3D são reconhecidas por médicos, fisioterapeutas, fisiologistas e especialistas na área como a mais indicada na melhoria da recuperação , prevenção e proteção de articulações e órgãos melhorando a performance esportiva e saúde ortopédica. Fundada há apenas quatr anos pelo ex-atleta e executivo Nilo Borges, a empresa enfrenta o desafio de transformar o mercado e conscientizar a população da importância de investir em tecnologia na aquisição e utilização de órteses ortopédica.
A herança do neoprene e a mudança necessária
O neoprene, uma borracha sintética não biodegradável, chegou ao Brasil na esteira do surf nos anos 1970. Por décadas, foi usado em órteses, apesar de contraindicações de muitos profissionais da área médica:
Ele não transpira, não propicia estabilidade articular nos eixos X,Y e Z durante o movimento tridimensional do corpo e pode causar micoses ou até vasoconstrição.
Explica Borges.
As grandes marcas globais européias e norte americanas , não utilizaram o neoprene em sua história de desenvolvimento de órteses — um paradoxo que a N1 busca conscientizar o mercado brasileiro, juntamente com especialistas no segmento.
Com o KNIT3D, a empresa desenvolve órteses com tecnologia, máquinas e equipamentos europeus , matéria prima de última geração, b em como rigorosos padrões de qualidade aferidos com equipamentos adquiridos nos EUA. Os diferentes gradientes de compressão em cada peça, propicia um melhor fluxo sanguíneo, melhor funcionamento do sistema linfático, bem como maior estabilidade dos movimentos axiais, flexão e tração das articulações. Não obstante isto, uma fração de nossos fios são produzidos internamente por nossa fiação.
Do brainstorming às seleções brasileiras: a jornada da N1
A ideia nasceu das próprias lesões de Nilo, duas vezes campeão brasileiro de vôlei e terceiro no mundial na Letônia em 2002 e também ex atleta militar. Durante uma feira em Nova York – NRF , ouvi palestras de grandes marcas falando como começaram suas empresas. Considerei abrir um negócio para unir a paixão pelo esporte. Como sofri com muitas lesões e dores , minha esposa sugeriu: ‘Por que não criar algo para reduzir a probabilidade das pessoas se machucarem?‘. Nasce assim a N1. Após 30 anos em multinacionais, onde dirigiu operações na Índia, China e África do Sul, Borges decidiu investir em tecnologia ortopédica e esporte
O caminho, porém, foi árduo. Foram dois anos de pesquisa, com erros, noites sem dormir, uma curva de aprendizado lenta, busca de conhecimento no exterior, encontrar e criar profissionais na área bem como testes rigorosos para atender às normas da Anvisa.
Trabalhar com compressão exige responsabilidade: um erro pode causar trombose ou lesão grave a uma pessoa.
A equipe inclui dois pós-doutores em biomecânica, ortopedistas e fisioterapeutas, além de parcerias com instituições especialistas no segmento. A marca evoluiu e conseguiu atrair os olhos de atletas de alto rendimento, o qual nos propiciou estarmos há 2 anos comas seleções brasileiras de vôlei (masculina, feminina e paralímpica), seleção de surdos e seleções argentinas. Estivemos com nossa marca em vários atletas e seleções no jogos olímpicos nos jogos Olimpicos e Paraolimpicos em Paris 2024.
Tecnologia global, raízes locais
Para competir com gigantes do setor, a N1 importou máquinas da Europa, desenvolveu fios técnicos na Itália e trouxe equipamentos de precisão dos EUA.
Criamos até máquinas que não existiam no Brasil.
revela Borges.
A produção integrada — da fiação à confecção — ocorre em uma unidade especializada, herança da expertise da família de sua esposa, dona da maior malharia de tricô da América Latina.
Desafios e futuro: “Estamos numa maratona”
Apesar do apoio de atletas e médicos, o maior obstáculo ainda é cultural.
O Brasil é um dos únicos países que insiste no Neoprene para órteses. Precisamos mostrar que existe alternativa.
afirma Borges.
Com um pipeline de lançamentos que leva até um ano para ser validado, a empresa planeja expandir seu portfólio e consolidar-se internacionalmente.
Enquanto a indústria global avança, a N1 prova que o Brasil não precisa ficar preso ao passado.
Queremos ser lembrados como quem trouxe a injeção eletrônica para um mercado acostumado a carburadores.
projeta Borges.
Com tecnologia, parcerias estratégicas e uma história que mistura superação pessoal e inovação, a empresa aposta em um futuro onde desempenho esportivo e saúde caminham lado a lado.
O homem por trás da revolução: Nilo Borges, o atleta-empreendedor
Entre os capítulos da N1, há uma história pessoal que explica a obsessão por unir esporte e saúde. Nilo Borges, o fundador, é um daqueles raros casos em que a biografia do criador se confunde com o DNA da empresa.
Sua trajetória começa longe dos laboratórios de inovação: na infância pobre, onde vendia flores em cemitérios e lavava túmulos para complementar a renda familiar.
Aos 8 anos, eu já sabia que o trabalho duro não é vergonha – vergonha é cruzar os braços.
O mesmo espírito combativo o levou às quadras: tornou-se campeão brasileiro de vôlei, jogou mundiais e representou o Exército em competições militares, acumulando lesões que mais tarde inspirariam seu negócio.
Na vida corporativa, construiu uma carreira de 30 anos em multinacionais, passando por Índia, China e África do Sul, EUA , Espanha e Alemanha:
Aprendi que cadeias produtivas são como times esportivos: cada elo precisa de precisão cirúrgica.
Quando foi demitido após três décadas, transformou o revés em oportunidade.
O insight final veio em 2020, durante a feira NRF em Nova York. Ao ouvir fundadores da Nike e Adidas, teve seu momento “Eureka”:
Percebi que grandes marcas nascem quando resolvem dores reais. E eu conhecia bem a dor – tanto a física, das minhas lesões, quanto a do mercado, preso ao Neoprene.
Hoje, aos 57 anos, Borges reúne suas três vidas – atleta, executivo global e empreendedor – na N1.
Não estamos vendendo produtos. Estamos corrigindo um erro histórico na relação entre esporte e saúde no Brasil.
define.
Seu maior orgulho? Ver atletas das seleções brasileiras que patrocina competirem com tecnologia desenvolvida em solo nacional e também o apoio que a empresa dá a instituições carentes que propiciam a democratização e reconhecimento da marca em todas as camadas sociais e esportivas.
Minha história me ensinou que inovação de verdade vem de quem conhece o problema na pele – ou, no meu caso, nas articulações.
