A ruptura do ligamento cruzado anterior (LCA) é uma das lesões mais temidas por atletas e pessoas ativas. Comum em esportes como futebol, basquete e ski, essa lesão pode levar a meses de reabilitação e, em alguns casos, ao fim precoce de carreiras esportivas. Neste artigo, explicamos como ocorre a ruptura, os avanços nos tratamentos e estratégias para prevenir o problema.
O que é o LCA e por que ele se rompe?
O ligamento cruzado anterior (LCA) é uma estrutura fibrosa localizada no centro do joelho, responsável por estabilizar os movimentos de rotação e evitar que a tíbia (osso da canela) deslize para frente em relação ao fêmur (osso da coxa). Sua ruptura geralmente acontece durante:
- Mudanças bruscas de direção (como cortes no futebol).
- Aterrissagens desequilibradas após saltos.
- Impactos diretos no joelho (ex.: placagem no rugby).
Dados alarmantes:
- Segundo a Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT), o LCA é o ligamento mais lesionado no joelho, com 200 mil rupturas/ano no Brasil.
- Atletas mulheres têm 2 a 8 vezes mais risco de romper o LCA devido a diferenças anatômicas e hormonais.
Sintomas da ruptura do LCA
- Estalo audível no momento da lesão.
- Dor intensa e inchaço imediato no joelho.
- Sensação de “falseio” ou instabilidade ao tentar apoiar o pé.
- Dificuldade para esticar ou dobrar o joelho completamente.
Importante: Mesmo que a dor diminua após alguns dias, a instabilidade permanece, aumentando o risco de lesões secundárias (ex.: rompimento de menisco).
Diagnóstico e exames
- Teste de Lachman: Exame físico que avalia a frouxidão do joelho.
- Ressonância magnética: Confirma a ruptura e identifica lesões associadas (meniscos, cartilagem).
- Raio-X: Descarta fraturas ósseas.
Tratamentos: cirurgia ou reabilitação conservadora?
A escolha depende do perfil do paciente:
1. Tratamento não cirúrgico
- Indicado para: Idosos, sedentários ou lesões parciais sem instabilidade.
- Métodos: Fisioterapia para fortalecer músculos estabilizadores (quadríceps, isquiotibiais) e uso de órteses.
2. Cirurgia de reconstrução do LCA
- Técnica mais comum: Enxerto de tendão (geralmente do próprio paciente – autólogo – ou de doador).
- Recuperação:
- Fase 1 (0-6 semanas): Controle de edema e ganho de movimento.
- Fase 2 (6-12 semanas): Fortalecimento muscular.
- Fase 3 (3-6 meses): Retorno gradual às atividades esportivas.
Dados:
- 85% dos pacientes recuperam a estabilidade do joelho após a cirurgia, mas apenas 65% retornam ao mesmo nível esportivo, segundo estudo do British Journal of Sports Medicine (2022).
Avanços tecnológicos no tratamento
- Enxertos sintéticos: Feitos de polietileno, são alternativa para pacientes com tendões fracos.
- Artroscopia robótica: Precisão milimétrica na fixação do enxerto (disponível em centros especializados).
- Terapias com células-tronco: Em estudo para acelerar a regeneração do ligamento.
Como prevenir a ruptura do LCA
Programas de prevenção reduzem o risco em até 50%, segundo a FIFA. Estratégias incluem:
- Exercícios de fortalecimento: Foco em core, quadríceps e posteriores de coxa.
- Treino neuromuscular: Simula movimentos esportivos para melhorar equilíbrio e técnica.
- Aquecimento dinâmico: Alongamentos funcionais antes de atividades.
Exemplo: O protocolo FIFA 11+, adotado por times profissionais, diminuiu lesões de LCA em 30% em atletas jovens.
Perguntas Frequentes
- É possível viver sem cirurgia após romper o LCA?
Sim, mas a instabilidade residual aumenta o risco de artrose precoce. - Quanto custa uma cirurgia de LCA pelo SUS?
O procedimento é gratuito, mas a fila de espera pode ultrapassar 1 ano. - Atletas profissionais se recuperam totalmente?
Depende da adesão à reabilitação. Neymar, por exemplo, retornou em 6 meses após sua cirurgia em 2018.
A ruptura do LCA é uma lesão complexa, mas com tratamentos modernos e prevenção adequada, é possível recuperar a funcionalidade do joelho. Para atletas, a chave está no fortalecimento muscular e na técnica correta. Para a população em geral, a mensagem é clara: ao sentir instabilidade no joelho, busque avaliação ortopédica imediata.
Este conteúdo é informativo e não substitui consultas médicas. Consulte um ortopedista para orientações individualizadas.